O Geovani e a sua formação

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Porto Alegre, RS, Brazil
Sou natural de Bataiporã-MS. Atualmente moro em Porto Alegre-RS. Sou casado com a Cristiane e pai da Sofia e do Joaquim. Declaro-me apaixonado pela vida! Sinto que a vida é um mistério e consegue vivê-la bem quem está apaixonado por ela. Tenho Curso Superior de Filosofia, Graduação (pela ESTEF e EST), Mestrado em Teologia Sistemática (PUCRS) e, atualmente, estou me especializando em Gestão da Educação, também pela PUCRS. Na ESTEF, atuei na como professor de Cristologia, Assessor e Coordenador dos Cursos de Extensão. No momento atuo como Supervisor de Pastoral das Unidades Sociais da Rede Marista. Gosto de ler, dialogar, escrever e postar sobre diversos assuntos e temas que a vida nos suscita.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

III – É POSSÍVEL AINDA PREGAR A RESSURREIÇÃO?

O mundo é profundamente marcado por sinais de violência. Sinais de paixão (sofrimento) e morte sempre estiveram presentes na vida humana. O próprio Jesus de Nazaré experimentou, quando assumiu a nossa condição humana (sarx) esse nosso lado frágil. Ele nasceu, cresceu e viveu numa época de regime opressor. Seu povo vivia numa total dependência sócio-econômica-religiosa. É por isso que aqui falamos de paixão não apenas como madeiro. Mas como toda realidade de sofrimento e morte que atingiu Jesus e que atinge também a todos nós.

Também vivemos a experiência de Jesus de paixão e morte. Notamos que o sofrimento não nos atinge apenas individualmente mas também a nível ecológico, e porque não dizer cósmico. Assim nos damos conta de casos de dores e mortes absurdas e sem-sentido; que atingem principalmente inocentes. É aí que percebemos que o pior sofrimento e morte não são aqueles causados apenas pela degeneração biológica, comum ao ser humano. Mas, a violência do ser humano contra o seu próprio semelhante.

Diante desses sofrimentos, dessas lutas de cristãos e não cristãos a favor da vida, que aparentemente são em vãs, perguntamos: é possível encontrarmos sinais de ressurreição? Como cristão dizemos que sim. E dizemos isso porque acreditamos que conosco caminha o Ressuscitado em várias realidades.

Na realidade cósmica Cristo Ressuscitado – por não está limitado à realidade espácio-temporal – está em comunhão com todo o cosmos. Por sua glorificação e transfiguração Ele não abandonou o mundo e seu corpo, mas o assumiu de forma mais profunda e plena.

Na realidade humana o Ressuscitado está de forma especial. Já em Mt 28. 20b vemos a seguinte expressão de Jesus que confirma sua contínua presença em nosso meio: “E eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”. Mas e aqueles que viveram antes do evento da ressurreição de Jesus? Segundo Leonardo Boff, os homens e mulheres que viveram antes de Cristo estavam apenas pela cronologia longe de Jesus. Pois, ninguém está fora do seu gesto redentor. A presença do Ressuscitado está em todos. Pois como imagem e semelhança de Deus (Trindade- O Filho) cada ser humano faz lembrar o humano que foi Jesus. Sendo assim, rejeitar uma pessoa, principalmente o pobre e excluído, é rejeitar o Ressuscitado. É levá-lo hoje à experiência da paixão e morte. “O ser humano é a maior aparição, não só de Deus, mas também do Cristo ressuscitado no meio do mundo”, afirma Leonardo Boff. Todos aqueles, sejam eles cristãos latentes ou patentes, que buscam o amor, a vivência da justiça, da solidariedade, da comunhão, manifestam já agora a presença do Cristo Ressuscitado.

Na Igreja também está o Ressuscitado. É ela a comunidade de fé, que testemunham a presença de Cristo no mundo. Mesmo sendo pecadora (porque é constituída de homens e mulheres) ela é o meio, através do qual Cristo nos atinge. É por isso que, sem a Igreja (para os cristãos) Cristo é impensável. Ela é o prolongamento da mensagem do Ressuscitado. A função da Igreja é de substituto do Reino e deve estar sempre aberta às diversidades culturais e situacionais. Como Espírito, o Ressuscitado ultrapassa as confissões religiosas e o antropocentrismo egoísta.

Então como queremos pregar a ressurreição?

Como vimos até aqui é difícil pregar a ressurreição desvinculada da paixão e morte. Pois a vida de Jesus, sua paixão, morte e ressurreição constituem uma unidade de um mesmo mistério. Assim como Jesus é bom anunciarmos a boa nova de vida plena buscando evitar a produção de mais cruzes, para nós e para os outros. Pois sabemos que o tema da cruz já se prestou muito para justificação de cunho ideológico. Porém, se tivermos que assumir a cruz em favor de mais vida, e não pelo sofrimento em si ( coisa que nem sádico o faz), como cristãos somos desafiados a assumir. Pois o ressuscitado nos mostrou que, doar a vida em favor dos outros, não é perdê-la, mas ganhá-la de forma mais profunda.

É por isso que queremos anunciar a ressurreição não como algo distante. Como um acontecimento que se dará apenas após a morte. Assim como a nossa morte, também acreditamos que a nossa ressurreição já começou. Ela é um processo que se revelou primeiramente em Jesus e se prolongará até conquistar toda a criação. Como cristãos, pela nossa fé, cremos que há vida para além desta vida.

Autor: Francisco Geovani Leite

Frase de Oswaldo Montenegro:

"Me apaixonei por um olhar, por um gesto de ternura"