O Geovani e a sua formação

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Sou natural de Bataiporã-MS. Atualmente moro em Porto Alegre-RS. Sou casado com a Cristiane e pai da Sofia e do Joaquim. Declaro-me apaixonado pela vida! Sinto que a vida é um mistério e consegue vivê-la bem quem está apaixonado por ela. Tenho Curso Superior de Filosofia, Graduação (pela ESTEF e EST), Mestrado em Teologia Sistemática (PUCRS) e, atualmente, estou me especializando em Gestão da Educação, também pela PUCRS. Na ESTEF, atuei na como professor de Cristologia, Assessor e Coordenador dos Cursos de Extensão. No momento atuo como Supervisor de Pastoral das Unidades Sociais da Rede Marista. Gosto de ler, dialogar, escrever e postar sobre diversos assuntos e temas que a vida nos suscita.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O Crucificado: pode Deus sofrer e morrer?

Pode Deus sofrer e morrer? Segundo Moltmann, a discussão em torno da existência de Deus faz muitos cristãos e teólogos ficarem desorientados diante de questionamentos como “Deus está morto” e “Deus não pode morrer”. Entretanto, desse conflito, abre-se uma esperança de surgir uma teologia conseqüentemente cristã que nos faça perguntar qual o Deus que motiva a nossa fé e quem é Jesus Cristo para nós hoje (Cf. Dios crucificado, p 275-276). Como acreditar, diante do sofrimento, na existência de um Deus onipotente, todo poderoso e sumamente bom? (Cf. artigo. O Deus Crucificado, p. 725).

Em busca de uma resposta as convergentes correntes teológicas, tanto a linha católica quanto evangélica, buscam, através da sofrida morte de Cristo na cruz, compreender a essência de Deus. O Crucificado é, para a fé cristã, a norma e o fundamento de sua teologia. Nesse sentido, para se falar de Deus com uma justificação cristã faz-se importante atualizar o grito de Cristo que em sua morte se vê abandonado por Deus. A morte de cristo, abandonado por Deus, é para o cristão o fim de toda teologia ou o começo de uma teologia especificamente cristã. Sejam quais forem todas as afirmações teológicas (teologia da criação até escatologia, desde doutrina da trindade até a doutrina do pecado) fazem referência ao Crucificado. Enquanto teologia a teologia da cruz não somente fala sobre os significados da cruz de cristo, mas ela mesma se converte em teologia crucificada ( Cf. El futuro da creación, p. 81-83).

Para Moltmann, as novas correntes do pensamento teológico que tentarem compreender a essência de Deus na morte de Jesus tentaram abordar a cruz e ressurreição de Jesus no horizonte da soteriologia. Para ele, não que esteja errado, mas não é suficiente. Para ele há de se perguntar qual o significado da cruz de Cristo para o próprio Deus. Assim, Moltmann lança questionamentos: Como pode ser a morte de Jesus um predicado divino? Isso não significa uma revolução no conceito de Deus? (Cf. El Dios crucificado, p 277-278).

Dos teólogos citados por Moltmann, citamos o trabalho de dois grandes teólogos, um católico e outro protestante, que buscaram compreender a morte de Jesus como morte de Deus. O primeiro citado é teólogo católico Karl Rahner que já em 1960 entendeu a morte de Jesus como a morte de Deus. Segundo Moltmann, Rahner pretende pensar a morte Jesus não apenas em seu efeito salvífico, mas em si mesma (Cf. El futuro da creación, p. 85). “Posto que não se deva aceitar que a morte não toque a Deus, precisamente esta morte nos revela a Deus”. (Cf. El Dios crucificado, p. 278-279) . Da parte protestante Karl Barth propõe em sua doutrina da predestinação e da reconciliação uma teologia da cruz. A divindade de Jesus é revelada na humilhação até a morte da cruz, enquanto sua humanidade é revelada de forma clara em sua exaltação. Ao unir doutrina das duas naturezas com a doutrina do protestantismo antigo sobre “humilhação e exaltação”, Barth conduz uma nova compreensão “histórica” do ser de Deus, onde mostra na história da humilhação do Filho de Deus e da exaltação do Filho do homem, o ser de Deus. Entretanto, Barth faz essas afirmações no contexto soteriológico (Cf. El futuro da creación, p. 86-87). Para o teólogo da esperança o limite de Barth está em pensar demasiadamente teo-logicamente e não com suficiente decisão trinitária. Ao falar da presença de Deus mesmo na cruz de Cristo ressalta que Deus (estava) em Cristo, empregando assim um simples conceito de Deus, sem desenvolvê-lo sob o aspecto trinitário (Cf. El Dios crucificado, p 281).

Texto de: Francisco Geovani Leite
Imagem extraída do Google Imagens
Para um maior aprofundamento do tema sugerimos o estudo do segundo capítulo da obra: Da Apatia à Compaixão: O sofrimento de Deus no sofrimento de Cristo e da Criação a partir de Jurgen Moltmann.

Frase de Oswaldo Montenegro:

"Me apaixonei por um olhar, por um gesto de ternura"