O Geovani e a sua formação

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Porto Alegre, RS, Brazil
Sou natural de Bataiporã-MS. Atualmente moro em Porto Alegre-RS. Sou casado com a Cristiane e pai da Sofia e do Joaquim. Declaro-me apaixonado pela vida! Sinto que a vida é um mistério e consegue vivê-la bem quem está apaixonado por ela. Tenho Curso Superior de Filosofia, Graduação (pela ESTEF e EST), Mestrado em Teologia Sistemática (PUCRS) e, atualmente, estou me especializando em Gestão da Educação, também pela PUCRS. Na ESTEF, atuei na como professor de Cristologia, Assessor e Coordenador dos Cursos de Extensão. No momento atuo como Supervisor de Pastoral das Unidades Sociais da Rede Marista. Gosto de ler, dialogar, escrever e postar sobre diversos assuntos e temas que a vida nos suscita.

domingo, 25 de outubro de 2009

SENTIR DEUS


        "Eu sou ateu". Ainda que não estejam convictas do que estão falando, algumas pessoas da nossa sociedade hiper moderna, gostam de dizer essa frase. Parece-me que professar a fé no ateísmo está se tornando moda. Por outro lado, dizer que acreditamos em Deus torna-se cada vez mais algo constrangedor para aqueles que creem. Por isso, não é fácil dizer, numa roda de amigos, que “senti Deus” em minha vida.
        Fazer uma experiência íntima com Deus é crer que ele se manifesta na história da nossa vida. E, apesar do surgimento de tantos “ateus professos”, ainda têm pessoas convictas de sua fé e, que por serem sensíveis ao mistério divino, faz sua experiência pessoal de Deus.
      Há alguns dias, conversando com a minha mana Silange, ela comentou: por que você não escreve sobre o “sentir Deus”?! Em seguida, sem que eu perguntasse qual era a sua experiência, ela me disse: “Eu sinto forte a presença de Deus quando estou pescando. Sobretudo quando estou na beira do rio... Aquele silêncio me dá uma tranqüilidade... uma tamanha paz, que eu não sinto em nenhum outro lugar”.
        Sim minha irmã, isso é sentir Deus. A experiência de Deus vai além das paredes institucional de qualquer religião. A experiência de Deus acontece quando e como menos esperamos. O que aconteceu contigo é que você encontrou seu locu (lugar) da experiência divina. Algo que acontece com muitas pessoas, que se dizem ser atéias, por não terem encontrado esse lugar. E cada um de nós, que acreditamos em Deus, precisamos buscar e encontrar o nosso locus revelador da presença de Deus.
        Eu também tenho a minha experiência da manifestação divina. Eu sinto Deus no silêncio e quando estou com as pessoas que amo. É um sentimento inexplicável. E é por isso mesmo que acredito estar sentindo Deus. Assim como a gente não consegue definir o amor, o sentir Deus também foge a nossa compreensão racional. É uma experiência íntima tão grandiosa que as palavras não conseguem abarcar, e nem dizer, tamanho mistério.
        A meu ver, o mundo carece de pessoas que sentem Deus. Pois, quanto mais se senti Deus, mais vulnerável ficamos ao amor e ao sofrimento. E essa é a dialética da vida humana: Quem ama sofre e sofre porque ama. Por isso, professar que senti Deus é um ato de coragem para os nossos dias.
        Elimine o pensamento de encontrar Deus em fatos extraordinários da vida. Sinta a vida e Deus nas coisas simples. Pois é na simplicidade de uma pesca, na simplicidade da amizade, na simplicidade do amor, na simplicidade de um olhar de uma criança... é que fazemos a experiência do sentir Deus. Pense bem! Talvez você já tenha o seu lugar revelador da presença de Deus. Descubra-o e sinta!

Texto: Francisco Geovani Leite
Imagem: Google imagens.



domingo, 18 de outubro de 2009

TENHO O MEDO


Sim! Tenho medo... Quem é que não sente essa força inevitável que por vezes é maior do que nós? E que bom que o tenhamos. O medo habita o íntimo do nosso ser e faz parte da nossa condição humana de mortais. Dentro de certa medida ele é até necessário para a nossa sobrevivência. Todavia, quando o medo foge do nosso controle ele pode nos prender ao anelo da morte, conduzindo-nos ao descontrole físico, psíquico e espiritual. É aí que é preciso ter o medo, antes que ele nos tenha sobre o seu controle.

Em minha vida o medo me incomodava muito. E eu sempre buscava amenizá-lo fugindo dos desafios que causavam os medos. Por muito tempo fui incapaz de enfrentá-lo, até que um dia eu decidi: não vou mais fugir dos meus medos. Vou encará-lo! Se eu fugir, vou continuar sendo vencido por ele. Mas, se encará-lo, vou ter o medo em “minhas mãos”. Foi assim que resolvi fazer um pacto com os meus medos que, por fraqueza e bobagens, coloquei-os em minha vida.

Quando eu comecei a questionar os meus medos notei que eles não eram tão problemáticos como aparentam. Hoje estou até me sentindo amigo deles. E estou percebendo que esta está sendo a melhor forma de lidar com ele. Até descobri que grande parte deles não é real.

Claro que ainda tenho medo e continuarei tendo-o. A sutil diferença é que alguns dos meus medos sofreram mutação e outros simplesmente desapareceram no itinerário da vida matura. Quando criança eu tinha medo de escuro e de ver uma alma penada. Superei-os! Hoje o meu medo é outro. Tendo medo da solidão e de chegar ao fim da vida sem ter feito o que eu queria. Este é o meu mais novo medo que estou enfrentando até “domesticá-lo”.

Rubem Alves, ao escrever sobre o medo em seu site pessoal, colocou o título: “Tenho medo”. Aqui coloquei a vogal “o” (Tenho o medo) no centro do título para lembrar a mim mesmo, e a quem desejar, que, ao fazer “amizade” com os meus medos, agora sou eu que estou no controle da minha vida. Pois acredito que, ou a gente controla os nossos medos ou, caso contrário, eles nos controlarão. E, estou certo, que cada vez mais, tenho os meus medos sobre o meu controle. Vou usá-los como desafios para o meu crescimento humano. Portanto, viva com os seus medos, mas tenha-os conscientemente sobre o seu domínio.

Texto: Francisco Geovani Leite

Imagem: Google Imagens

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

É MELHOR A COMPAIXÃO

        
          No primeiro semestre deste ano, organizei o texto de defesa do meu Mestrado e, transformei-o num artigo. Este artigo está publicado, sob o Nº 42-2009/1, nos Cadernos da ESTEF (Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana), em Porto Alegre-RS. O título do Caderno leva o nome do meu artigo. Ou seja, Da apatia à compaixão.

          Aqui eu não quero escrever sobre o meu texto. Mas, quero expor as ideias que meu amigo e Teólogo, Adelino Pilonetto, diretor dos Cadernos da ESTEF e corretor de minha obra e artigos, escreveu na introdução da revista teológica. O título que ele deu foi: É melhor a compaixão. Leiamos, na íntegra, parte do seu belíssimo comentário:

          Triste mundo o dos apáticos, dos indiferentes, impassíveis à sorte dos outros. Só pode ser um mundo sem energia, talvez cínico e tirano, que leva à indolência e à covardia. Já se pensou (e talvez ainda haja quem pense) ser Deus assim também: impassível, apático. Que se dane o mundo, diria Deus, eu sou feliz. E nós, criados à sua imagem tenderíamos a repeti-lo. Mas Deus não é essa caricatura. Se ele não tira o mal do mundo como se tira o pó do espelho, é porque capacitou o ser humano a organizar-se contra o mal. Ele não institucionaliza o milagre, mas, em Jesus da Nazaré, assume a humana dor e lhe sofre toda a tragicidade. Nasceu numa estrebaria, morreu numa cruz qual um amaldiçoado. Na cruz, entretanto, Jesus não estava sozinho. Com ele estava o Pai. Estava o Espírito. A Trindade inteira gemeu na cruz, sacudida pela sentença atroz, mas não se afastou dos humanos. Deus não fica de costas para os que sofrem, é um Deus crucificado também.

          Contudo, é verdade que, dissociados de Deus, os seres humanos andam por descaminhos escuros, quando poderiam, sob o olhar de Deus, encontrar a claridade do sentido e a força do amor. Há um mistério de dor que se cruza com o mistério do amor. Por isso pedia a Deus santa Teresa D’Ávila que lhe concedesse “Sofrer e Amar”. No amor, o sofrimento sai do abismo, encontra a ponte para evadir-se do inferno que é o isolamento, e aponta para a comunhão de esperança.

Imagem: Google busca.

sábado, 3 de outubro de 2009

SABER CUIDAR DO AMOR


       Quem ama cuida! Assim diz o poeta, o cantor, o escritor e tantas pessoas que procuram uma linguagem adequada que o ajude a expressar essa bela atitude de quem porta em si o dom de amar. Contudo, somos cientes de que na convivência, por vezes, nos deparamos com testemunhos contrários. Então, como compreender o amor e a bela arte de saber cuidá-lo?

      Pra mim, o amor é um sentimento nobre que pode ficar pobre, se não há cuidado. Nos meus aconselhamentos, algumas pessoas dizem que perderam o sentimento do amor. Acredito que isso realmente pode acontecer. E isso acontece quando se deixa de lado a simples atitude do cuidado. No descuido em relação ao amor, a incompreensão e a falta de ternura levam o amor a perder a sua beleza. Assim, as virtudes que existiam no início do relacionamento amoroso aos poucos vão perdendo a sua força atrativa, criativa e dinâmica. O fogo da paixão se consome em lenhas de amarguras, angústias e sofrimentos!

      As marcas do tempo, como um cruel vilão, aparecem. A beleza física deixa de ser a mesma. E as primeiras vítimas que se deixam consumir pelo inimigo do tempo são justamente aqueles que dão maior importância ao ter e ao poder. Todavia, se há amor verdadeiro (de verdade verdadeira, como me disse uma pessoa especial) o tempo, como algoz, não apaga a beleza essencial que dá sentido ao amor. Pois aos olhos de quem ama, o amado/a é sempre o mesmo/a.

      Para quem sabe cuidar o amor é cego. E ainda bem que ele seja assim. Pois o amor não tem olhos para o ter e o poder, frutos da retribuição. O amor tem os olhos da gratuidade. E a gratuidade faz parte do amor assim como o amor faz parte da gratuidade. Não há amor verdadeiro sem gratuidade, nem gratuidade que não seja uma atitude do amor. Portanto, se amo esperando retribuição e não gratidão, aí ainda não há amor verdadeiro.

      A essência do amor é a liberdade. Ninguém pode prender ou impedir o sonho de ninguém. Muito menos de quem ama. Onde há dominação de sonhos não há amor e sim sentimentos mesquinhos de poder e controle sobre os sentimentos. E o mais cruel dos sentimentos mesquinhos é o ciúme desmedido. O ciúme é o contrário do cuidado. O ciumento acredita que o outro é seu objeto e, que por isso, não o deixa livre para ser ele/a mesmo/a.

      Busquemos viver o amor com intensidade. Cuide-se de si mesmo e de quem (pessoa) ou de que (causa) você ama! Pois, o amor é expressão divina presente no sentimento humano que exige primeiramente amor próprio. Assim, vivendo o seu amor na gratuidade, você sentirá a liberdade de ser você mesmo em plenitude. Isso é saber cuidar do amor!

A imagem: google busca.                                                                    Texto: Francisco Geovani Leite


Frase de Oswaldo Montenegro:

"Me apaixonei por um olhar, por um gesto de ternura"